Nos jogamos no mar
aberto, a descobrir novos caminhos.
Não porque quisemos,
mas porque precisamos.
Tentamos nos manter
fortes, fazendo o que podíamos.
Fomos navegando e
indo de um canto ao outro, para onde dava para ir.
Sem muita noção,
seguimos um rumo qualquer.
Então, vieram as
primeiras tempestades, vieram furacões e até ondas enormes,
Mas nada foi capaz de
derrubar nossos navios.
Entramos em redemoinhos,
fomos atacados por monstros marinhos,
Sobrevivemos a todo
custo, matamos tudo que vinha de fora.
Não foi o suficiente.
A pressão chegou,
como um soco na boca do estômago.
Trouxe algo ruim,
engatilhando coisas muito fortes, os pontos fracos do navio.
Muitos quiseram se
jogar do barco, cansados de navegar.
Afinal, nem todo mundo nasceu
para o mar.
Mais do que as ondas
gigantes que antes nos atacaram, isso balançou a todos.
Perdemos o chão, o
equilíbrio e entramos nesse abismo.
Chegou o sono
profundo.
A luz surgiu como um
novo dia, tudo amenizou um pouco.
Fizemos o que podíamos,
mas o abismo ainda estava aqui.
Numa pequena turbulência,
perdemos totalmente o rumo.
Falta de comunicação,
um içou a vela enquanto outro ancorava.
Uns fingiram nem ver
as nuvens, enquanto outros queriam ser bússola.
Fomos para caminhos errados
e isso nos matou.
Voltamos atrás, retomamos
ao eixo e pensamos numa nova rota.
Porém, as nuvens já
estavam tão densas que não houve espaço para a luz agir.
A tempestade rugiu e não
deve sair tão cedo.
Mas quando se for,
não se vai só, pode levar muitos navios junto.
E muitos ficarão aqui,
sem conseguir ser luz, sem conseguir sair do abismo,
Na ausência que alguém
fará, quando essa chuva acabar.
Se cuidem, amigos, fiquem em
casa, naveguem para fora somente se necessário.
Atenciosamente,
Pedro Meyer.