sexta-feira, 11 de março de 2016

Uma longa jornada

Tarde da noite e o coração não se aquieta.

Volta a palpitar por sentimentos antigos,

volta a sangrar por dores inúteis,

volta a mandar na mente.

Como que um rio numa montanha, me deixo levar,

deságuo no oceano dos pensamentos

e ali me afundo.

De tão fundo que vou,

procuro refúgio em Atlantis,

a cidade - talvez - tão perdida quanto meu coração.

Quisera eu não ter subido aquela montanha,

não ter me deixado levar pela vista

mesmo que parecesse tão linda

(e de fato era).

Mas fui, me entreguei a subir,

escalar, desbravar sua floresta.

Foi uma caminhada turbulenta,

perigosa até, diria.

Acontece que, ao chegar lá,

encontrei-me sozinho comigo mesmo.

Ao te procurar, te achei parada no pé da montanha.

A subida era arriscada demais para ti,

não estavas pronta pros obstáculos que vinham pela frente.

Tudo bem, eu te entendo.

A última vez que tu tentou subir não foi a melhor experiência.

Ao invés de te esperar e ir caminhando junto,

preferi sair correndo em busca do que eu queria.

Esqueci de te levar junto comigo.

Cometi meu erro e tentei descer de novo,

te pegar pela mão e caminhar.

Porém, tu não querias mais.

Preferiu ficar na planícies das mesmices.

Sem entender,

tentava te levar ao topo em cada montanha que passávamos.

Enfim, nossas jornadas seguiram.

Tu seguiu o teu caminho,

e espero que um dia tu consigas enxergar o topo também,

seja por ti mesma, ou seja por alguém ter subido junto.

Te desejo uma boa caminhada até lá.

Enquanto a mim,

busco montanhas mais altas ainda,

busco pessoas dispostas a subir comigo,

mas vou de coração aberto,

sabendo os erros que não devo cometer

e como devo caminhar.

Busco a minha felicidade,

a volta a margem do lago,

a saída da profundeza do oceano.

Busco, sim, um sentido real pro meu coração.

Norte, Sul, Leste ou Oeste,

pra onde ele me guiar é exatamente para onde quero ir.

Sem medo de arriscar,

sem medo dos obstáculos,

somente feliz em ter uma direção,

em tentar.

Sempre.

Até acertar.

Até achar a vista perfeita.

sábado, 30 de janeiro de 2016

Memórias, boas memórias.

Certa vez,

conheci uma garota.

Ela era a mais sorridente de todas.

E cara, que sorriso!

Daqueles que iluminam teu dia mesmo!

Como que do nada,

nos tornamos melhores amigos.

Nos falávamos do "bom dia" ao "boa noite",

durante as aulas, no trajeto do ônibus,

a todo momento.

O dia que ficávamos sem dar bom dia

já sabíamos que um dos dois não estava bem.

Passávamos horas nos falando por áudio.

Ela me chamava de idiota por gosto.

Eu a chamava de idiota por querer medicina,

por comer peito de peru com melão

e pelo mesmo motivo.

Perto dela eu me sentia o melhor professor de matemática do mundo.

Voltava alguns anos na memória,

reaprendia os cálculos

e ajudava nas questões de vestibular.

Ela tava no terceirão nessa época

e ainda assim vivia estudando.

Mas, claro, os 15 minutos de soneca

depois do almoço eram sagrados!

"Pedro, por favor, me acorda!

Se eu não aparecer em 15 minutos, me acorda!"

E, claro, eu fazia.

Afinal, tem algo melhor do que ligar pra alguém,

acordar essa pessoa

e ainda ouvir ela pagando mico com voz de morta?

Isso sem contar as ligações por conta do medo de ficar sozinha em casa.

A amizade foi seguindo e um sentimento maior surgiu.

Já não era só amizade que eu queria.

No pior momento que eu podia ter feito,

me declarei pra ela,

sem medo de ser feliz.

"Acho que tu tá confundindo as coisas".

É, ela só queria a minha amizade.

Depois disso, nunca mais foi a mesma coisa.

A amizade superou alguns baques, mas foi caindo aos poucos.

Tentou se reerguer,

mas fracassadamente ruiu.

Não me arrependo do passado,

fiz o que tinha que fazer,

aprendi o que tinha que aprender,

valeu o que tinha que valer.

Às vezes, é melhor tentar e errar,

do que ficar sempre com a dúvida

de se deveria ter feito.

Eu tomei as minhas chances,

eu segui a minha vida.

Poderia ter sido diferente,

mas quando vê, era só isso mesmo

"uma confusão".

O mais importante é que não ficam mágoas.

Hoje, o que fica é isso:

a saudade do que fomos,

o arrependimento do que somos

e o esquecimento que seremos.

sábado, 16 de janeiro de 2016

Saudoso de ti

Saudades de amores que te deixam acordado a noite toda,

que te fazem planejar o futuro,

que te dão alegrias e tristezas.

Saudades de amores esperançosos,

daqueles que te fazem acreditar em comédias românticas,

que te fazem pensar que tu é a exceção,

que te fazem sorrir pro nada.

Saudades de amores recíprocos,

de amizades sinceras,

risos únicos

em sentimentos iguais.

Saudades de amores puros,

onde um toque de mãos se faz em poesia,

onde o beijo diz mais que mil palavras

e um abraço tira toda a dor do mundo.

Saudades de amores sinceros,

daqueles que odeiam mentiras,

que amam de verdade

e que não disputam amor.

Saudades de amores pacíficos,

onde ao invés de brigas

há companheirismo, beijos, risos.

Saudades de amores apaixonados,

daqueles que numa troca de olhar,

os dois corações se entrelaçam,

se enlaçam e não querem mais se soltar.

Saudades de amores honestos,

onde um se entrega ao outro

e, ainda assim, não deixam de ser eles mesmos.

Saudades de amores saudosos,

que te deixam com gostinho de quero mais,

que te deixam com ânsia de viver

e viver ao lado dela,

como se cada cheiro que tu sentisse no dia

te lembrasse do outro

e te pusesse um sorriso na cara.

Saudades de amores em geral,

pois qualquer amor é válido,

desde que te faça bem,

pois amor que deixa saudades

é aquele que tu não esqueces nunca,

aquele que te marca de um jeito que só tu sabes

e que te faz pensar que acreditar no amor é a melhor coisa que existe.

É, saudades de amores que nunca existiram,

porque se fosse amor mesmo

não seriam lembranças e saudades,

seriam o presente e o futuro,

o felizes para sempre.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Vai! Segue teu rumo!

Às vezes, é tão bom ir contra a corrente. Sabe, aquele sentimento de que tu estás fazendo o certo quando todo mundo diz que estás errado. Sem muita firula, tu só chega e faz. Não importa, não é o outro que tá vivendo, é tu. E cara, como é bom!

Às vezes, tu mesmo te perde nessa jornada, fica em dúvida: pra onde que a corrente tá indo mesmo? Tu fala pra três amigos e cada um quer te levar prum caminho diferente. Teimoso que tu és, escolhes o quarto caminho: o teu próprio, velejando no mar de sangue que é o teu coração, bombeando emoções e prazeres a cada segundo.

É, nem sempre é fácil. Num dia, estás todo feliz e nada te abala. Noutro, és tu o coitado às 4am reclamando da vida e falando prum amigo que o não nasceu para esse tipo de coisa. E, logo em seguida, és tu escrevendo e aliviando o coração e a mente.

Tudo bem, ninguém é de ferro, mas tem muita gente que se acha de vidro e acaba se quebrando por qualquer porrada que leva. Na primeira rocha que encontra no caminho, já volta atrás. Primeira correnteza que vem, ao invés de nadar mais forte, tu te joga nela e te deixa levar. Qual é a graça de viver assim?

Tá, tu também não é nenhum rebelde, mas cara, quem mesmo é o capitão do teu coração? É essa tripulação toda de amigos que anda do teu lado ou é tu que tá lá no timão e que tem o mapa em mãos?

Tem gente que se abala demais e prefere passar toda a responsabilidade pros outros. E, nesse mar de sangue, quem se perde é tu mesmo. Ao invés de salvar teu barco, só estás indo em direção ao Iceberg. 

Agora, já é tarde demais. O remo foi jogado fora, o navio está a todo vapor. Vai bater. Desculpa, amigo, mas tu vai afundar. E nessa vez sim, tu vais ser o capitão, vais junto com o barco. Teus amigos vão se salvar, mas quem vai se ferrar mesmo é tu. "Mulheres e crianças nos botes".

Tudo isso podia ter sido evitado se lá atrás tu não fosse trouxa de deixar que jogassem fora o remo. Ir contra a corrente, te lembras? Demanda força e determinação. Se tu não tens isso, meu caro, tu nem começou a velejar ainda naquilo que chamamos de mar da vida. 

Remar a favor do vento é mais cômodo e te leva a algum lugar, mas remar contra ele, ahhh meu amigo, te leva onde tu quiser, não te esquece disso! Seja tu o capitão do teu próprio barco. Espante os marujos fracos, deixe somente os de confiança. Seja no amor, na vida ou em que quer que seja, não seja o coadjuvante se tu podes ser o protagonista. Ninguém merece ver a sua própria vida pelos olhos de outros, né?

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Natal: o dia que o Amor nasceu!

Hoje é o dia de Natal 

e eu queria dizer uma coisa:

Se amem mais!!

Sabem o amor? 

Ele não precisa ser medido

Até porque deveria ser infinito,

que não cabe numa pessoa só,

mas que serviria para todos!

O amor, ele precisa ser cultivado,

mas de uma maneira que as pessoas já não se lembram mais.

Seja como o simples fato de se lembrar de coisas boas,

olhar o outro e entender este como um todo,

ter compaixão,

passear e viajar em pensamentos inimagináveis!

Se deixar conquistar pelo momento 

e apreciar um pedacinho por vez.

Nesta época do ano, é importante lembrar!

Dos esquecidos e do que sempre lembramos também,

é preciso estar presente de corpo e alma.

Se o coração fala mais alto,

deixe-o falar por ti!!

O amor é pra ser vivido, sentido, tocado, transmitido!

O amor é algo tão simples que chega a ser complicado,

onde até mesmo os amantes mais fiéis podem se perder pelo medo.

Mas, se tu tens a coragem de tentar, 

podes despertar o sentimento mais precioso!

O amor pode ser imenso:

arde, é bom, curioso, aperta!

É forte, transborda, é pra ser sentido!

E não importa a tua raça ou tua cor,

se é pobre ou rico,

se é pequeno ou grande, velho ou novo,

o importante é amar!

Amar com o coração,

amar e ser amado!

Seja correspondido ou não,

ame sempre!

Amar não somente a quem acreditas que mereça,

mas a todos!

Pois todos foram criados por Deus e, se assim foram,

é porque nasceram do Amor,

de um amor maior, de um amor verdadeiro!

Amor de Mãe, um amor de entrega, de sacrifício!

Amor que a todo ano temos a oportunidade de presenciar

e sentir sua gratidão, de receber esta benção!

Afinal, o amor é para ser sentido,

seja com ou sem sentido,

ser vivido e transmitido.

E sim, Natal é isso:

Início e nascimento do Amor eterno,

o Amor que dá origem ao despertar do sentimento que é amar.


Texto de autoria de Fernanda Seidel

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Uma história, nossa história.

Olá.

Eu me chamo Louis. Nasci em Florianópolis, em Fevereiro de 1982. Meu pai também é manézinho, mas minha mãe é francesa. Eles se conheceram quando meu pai foi fazer uma viagem na Europa e foi tomar café da manhã perto da Torre Eiffel. Meio atrapalhado com a língua, viu uma bela jovem vindo em sua direção para socorrê-lo. Ela ouviu o francês meio aportuguesado e com palavras inglesas no meio e sabia que só podia ser estrangeiro. Foi assim que Lucas conheceu Sophie, uma francesa que tinha ido para Portugal para estudar e tinha aprendido um pouco do português. Lucas ainda tinha um dia em Paris e Sophie foi sua guia. Em tão pouco tempo juntos, criaram uma grande amizade e prometeram mandar cartas um para o outro.

Cerca de dois anos se passaram e não se passava uma semana sem que um escrevesse para o outro. Passaram a se conhecer melhor e ansiar pelo próximo encontro. Por ocasião do destino, Sophie foi morar em Portugal para fazer o seu mestrado justo quando Lucas planejava sua próxima "Euro trip". Fazendo um esforço extra para adicionar uns dias em Portugal, conseguiram se encontrar. Do abraço de oi ao beijo de tchau, o destino foi selado ali. O tempo se passou e o destino atacou mais uma vez: foi oferecido a Sophie um emprego no Brasil, em São Paulo. Ainda uns mil quilômetros de distância, mas melhor do que ter que atravessar um oceano. Sabendo da notícia e confiante em seu coração, Lucas fez de tudo para se mudar para São Paulo também. Assim, assumiram oficialmente o namoro e começaram anos tensos pela frente. Cidade grande, complexa, demoraram a se acostumar, mas conseguiram. Tinham o sonho de voltar para suas cidades natais ainda assim, não conseguiam conceber a ideia de criar um filho naquela cidade. Se casaram e por fim decidiram: vamos morar em Florianópolis! Assim, voltaram para a cidade natal do Lucas, mesmo que contra a vontade de Sophie, que queria ir para a França.

Dois anos depois, a minha mãe ficou grávida e eu vim ao mundo. Para ela, foi uma grande alegria! Para o meu pai, uma preocupação. Houveram complicações na gravidez e minha mãe sofreu bastante, mas no fim, tudo deu certo e eu nasci! Tive uma infância boa, vivia na praia. Criado em Canasvieiras, passava os dias na areia e as noites observando as ondas sob o luar. Desde pequeno minha mãe já me ensinava o francês, falava que não ia admitir que eu fosse para Paris e cometesse o papelão que meu pai cometeu, a menos que fosse para achar uma francesa para mim. Com meus 11 anos de idade, minha mãe resolveu mudar para a França. a situação estava difícil em casa e meus avós convenceram meu pai a aceitar. Era agora que eu ia ver se as aulas da mãe tinham funcionado.

Matriculado na escola, chegou o primeiro dia de aula. Minha mãe me acompanhou, não quis deixar que meu pai fosse (só por precaução). Até que me saí bem, mas todos riam do meu sotaque e das minhas confusões. Afinal, minha mãe era uma boa professora, mas as outras crianças eram fluentes, e eu era um manézinho com pouca prática. Com o tempo, é claro, fui me soltando e ficou mais fácil a convivência. Conheci mais meus colegas e assim fomos crescendo e nos tornando amigos. A cidade me acolheu muito bem e logo já reconhecia Paris como meu segundo lar (minha mãe adorava quando eu falava isso).

Os anos passaram e fui crescendo. Com dezesseis anos, tive minha primeira namorada. Durou pouco mais de seis meses, mas foi muito bom. Em todo caso, ela não seria a mãe dos meus filhos. Essa só surgiria mais tarde na história. Segui minha caminhada no colégio e tive que decidir pelo meu futuro profissional. Fascinado pelos marcos da cidade, pensava que arquitetura poderia ser um bom caminho. Porém, também tinha uma paixão pelas artes e pensava se design não poderia ser uma saída. Acabei optando pela primeira opção e assim comecei os estudos.

Entre aulas e noites viradas, saídas de campo e aulas de urbanismo nas avenidas de Paris, conclui minha graduação. Conheci pessoas incríveis que viriam a ser grandes arquitetos, engenheiros, advogados, administradores (sim, muitos mudaram de curso depois). Muitas amizades que levaria para o meu futuro. Mas o mais importante foi a engenheira que conheci: Claire. Pois é, começou como uma colega da arquitetura, mas depois de dois semestres ela preferiu mudar de curso e seguiu o rumo do coração dela. E eu, segui o rumo do meu coração: me mantive na arquitetura e me mantive próximo dela. Depois de alguns anos de amizade e de relacionamentos desastrosos de ambos, resolvemos nos dar uma chance. A minha melhor amiga se tornou o meu amor. Encontrei a minha francesa.

Assim, começou a nossa história. Passamos do singular para o plural. Começamos a namorar perto do final da minha faculdade. A dela ainda demoraria um pouco mais pela transferência. Aos poucos, fomos nos abrindo cada vez mais e entendendo a nossa vocação. Viajamos juntos, fomos visitar minha família de Florianópolis, apresentei um pouco do Brasil para ela. Claire se apaixonou pelas praias e imaginou toda a história da minha infância. Meio encabulada por não saber muito do português, se enrolava ao conversar com meus avós, mas como eles eram pacientes, tudo deu certo. Ela falava do quanto seria bom pros nossos filhos conhecerem seus bisas e do quanto eles gostariam da praia.

Voltamos para Paris e a história dos dois chegava perto de aumentar. Depois dela se formar, resolvi pedir em casamento. De um jeito simples, mas romântico, pedi a mão dela com a ajuda dos meus sogros. Emocionada, aceitou! Tão rápido noivamos, tão rápido casamos. O sonho de ter nossos filhos aumentou. Após um ano de preparo, tanto financeiro quanto psicológico, começamos a tentar. Depois de ansiosos meses, veio a tão esperada notícia: Claire estava grávida. Repetindo-se a história, também houveram complicações durante a gestação, mas que viriam a se superadas com aquele primeiro choro. Assim, nasceu Pierre. Do nosso amor, surgiu este novo ser. Como era de se esperar, nossos dias passaram a ser de alegrias e tristezas, noites mal dormidas e puro companheirismo. Ele até que era uma criança tranquila, mas não parecia gostar que dormíssemos perto das três horas da madrugada, sempre acordava e chorava. Meus pais ajudaram bastante nessa fase. No início, não queríamos sair do lado do Pierre. Com o passar dos meses que conseguimos deixar ele com os avós sem problemas.

Sendo assim, resolvemos sair para aproveitar como casal depois de um tempo em casa. Deixamos o Pierre com meus pais e, com um outro casal de amigos, fomos ao Le Bataclan. Não sabíamos o que ia rolar lá, mas nossos amigos estavam querendo ir e acompanhamos eles. E assim, nos aproximamos do fim das nossas histórias. No meio do show, ouvimos um estouro. Parecia um efeito da banda, mas quando ouvimos pela segunda vez, vimos três homens com suas metralhadoras e pessoas no chão. O desespero tomou conta de todos que tentavam se salvar. Não foi o que aconteceu comigo e com a minha esposa. Entre correrias e tiros, fomos os escolhidos da vez. Em poucos instantes, tudo se passou por nossos olhos: a infância em Florianópolis, a mudança de cidade, a faculdade, o casamento, o nascimento do Pierre... os sonhos da Claire de levar ele para conhecer os bisas de Floripa, ou de levar ele na praia e ver ele curtindo o mar. Tudo isso se foi num disparar de uma bala. E a minha história que começou em Fevereiro de 1982, terminava ali, em novembro de 2015.

A história de meus pais e do Pierre se encontravam em outro momento. A dele, recém começava ou recomeçava. Tudo que um dia poderia ser já não poderia mais. Teria que ser criado pelos avós ou por quem o recebesse. Quanto aos meus pais, bom, uma parte da vida deles acabara ali. Depois de 33 anos me criando, me acompanhando e me dando as melhores condições possíveis, voltaram a ser um casal sozinho. Tinham o Pierre, mas um vazio ainda os preenchia. A história deles podia terminar ali também, mas com a força de uma criança, superaram a dor e fizeram de tudo para que o neto fosse uma ótima pessoa e, assim, voltariam a ter a alegria na vida.

Pois é, a minha vida acabou ali, sabe-se lá o porquê. 33 anos se esvaindo num segundo. Pode parecer pouco quando tu pensa que existem outras bilhões de vidas, mas não, uma vida nunca é pouco a partir do momento em que passa por tantas outras. Hoje, meus colegas da escola estão de luto, minha família está de luto, meus colegas da faculdade estão de luto, todos aqueles que eu passei pela vida e que me conheceram um pouco que seja, estão de luto. Hoje, meu filho está de luto, sem nem saber o que é. Uma decisão de um segundo é seguida por uma culpa de 33 anos.




Bom, agora quem fala é o Pedro mesmo. Primeiramente, queria deixar claro que essa história toda foi criada, não conheço nenhum Louis, Sophie, Pierre, etc. Sabe, muita gente pode ler isso e já vir criticando perguntando "ahh, e por que tu não escreveu sobre Mariana?" ou sei lá sobre qual outra tragédia. Se alguém vir me perguntar isso, de nada serviu a minha postagem. Não importa se foi em Paris que se passou a história, não importa se foi em Mariana, não importa se foi em Dakota do Norte. O que importa é o valor de uma vida, a singularidade que cada ser carrega em si. Poderia sim escrever uma história em que o Louis saísse de Mariana para seguir seus sonhos e perdesse os pais no dia seguinte ou até, como citei ali em cima, falar de Dakota do Norte, local para onde o meu irmão foi e onde ele sofreu o acidente que o levou a morte. Mas não, a minha intenção não é levar em conta nenhum caso específico, mas falar de um contexto geral mesmo. A pressa de chegar no trabalho acabou com uma história de 21 anos e 11 meses. Um tiro acabou com uma história de 33 anos. Um desastre natural acabou com uma história de 5 anos, uma história de 43 anos, uma história de 87 anos. A reflexão fica na consciência de cada um. Cada um tem sua história. O quanto tu gostarias que a tua fosse jogada no lixo assim? Essa semana, li muitas pessoas falando que o mundo está se acabando, não só Paris ou Mariana. É, concordo com essas pessoas. Mas não quer dizer que eu não ache isso ruim e não possa pensar sobre. Fica aqui a minha reflexão quanto a isso. Nunca se sabe qual vai ser a próxima história. 

Um grande abraço,
Pedro Meyer.

sábado, 24 de outubro de 2015

Ei, pequena,

Vem aqui, me abraça.

Me passa a tua calma como só tu sabes fazer.

Me tira desse mar de pensamentos.

Ei, pequena,

Dá um sorriso, compartilha a tua alegria comigo.

Faz com que tudo mude num segundo

E que eu queira desbravar o mundo ao teu lado.

Ei, pequena,

Não esquece de mim, pois eu não consigo te esquecer.

Teu jeito tão singular,

Teus gostos e interesses não saem do meu sorriso.

Ei, pequena,

Tenho saudades de ti,

De tu me chamando de idiota

E das nossas conversas por áudio e das tuas risadas.

Ei, pequena,

Tua vida é complicada demais,

Mas a minha também é.

Por que não descomplicamos elas junto?

Ei, pequena,

Tu me faz feliz,

De um jeito que eu não sei explicar.

Por que insistes em achar que tu me faz mal?

Ei, pequena,

Sei que teu tamanho não é nada perto dos teus sonhos

E do teu coração fechado.

Por que tu não vês isso e não te abres?

Ei, pequena,

Sei que tenho muitas dúvidas,

Mas de uma coisa eu tenho certeza:

Eu te amo de verdade e tu não sai da minha cabeça.

Mas, pequena,

Te peço um favor:

Abre teu coração.

Pois só assim, tu conseguirás viver teus sonhos

E amar alguém como eu te amo.

Vai, pequena,

Seja feliz e me faça feliz.

Se for para sermos felizes juntos

Deus nos unirá.

Enquanto isso, te deixo viver.

Tchau, pequena,

Eu sei que o mundo nos separou

E que voltar atrás agora já é tarde demais.

Estarei sempre aqui para ti,

Obrigado por me ensinar a amar

E me inspirar a escrever.