Num impulso me veio a vontade de escrever um pouco sobre o amor, sobre as besteiras do dia a dia e, sei lá, sobre o que der vontade. Eis aqui um pouco de mim! :)
quarta-feira, 3 de junho de 2015
Adeus? Não, até logo!
Porto Alegre. Cidade fria que por anos me tornou frio. Enquanto estudante, poucos amigos tinha. Não conseguia confiar em ninguém o suficiente para me dizer amigo. Não curtia o sotaque, tampouco as gírias. Riam de mim por não entender o que eram Guampas (tão difícil explicar que eram chifres?).
Porto Alegre. Cidade densa que me ensinou que a vida não funciona só na rua de casa. Depois de anos vivendo somente na rua Santa Rita e na Álvaro Chaves, caminhando as três quadras para ir de casa pro colégio e do colégio para casa, descobri que existiam outros atrativos à mesma distância, bastando eu cruzar ruas diferentes.
Porto Alegre. Cidade brasileira e laica pelo seu Estado que me ensinou que eu não preciso ser ateu só porque meus colegas se dizem ser. Atravessando a avenida, pude perceber que havia muito mais na Paróquia São Pedro do que somente idosos.
Porto Alegre. Cidade marco do bairrismo gaúcho que nunca fui com a cara. Aprendi o valor do respeito perante as culturas e a sobreviver como estrangeiro. Como disse, não fui tão bem recebido quanto poderia ser no colégio. Vi de perto o que é uma disputa de um GreNal, ou de como pode começar uma guerra civil por conta de gostos diferentes: Azul ou vermelho, isso define vida ou morte.
Porto Alegre. Cidade de amores. Amor tão intenso a ponto de quererem se separar do resto do Brasil para ter-se somente a si mesmo. Ensinou-me diversos valores de cunho românticos, desde o valor de um beijo roubado, até o que não se deve fazer e botar a culpa no pobre do amor.
Porto Alegre. Cidade dos parques e da família. Onde o domingo à tarde, se não for no Beira-rio, é na Redenção, no Parcão, no Germânia ou sei lá quantos parques que se fazem presentes. Mas claro, nada disso sem a presença da família ou dos amigos. Ir sozinho pra Redenção só se for para caminhar ou para ser assaltado.
Porto Alegre. Cidade da insegurança e da ingenuidade. Era uma vez, um jovem estúpido que descia uma rua perto da meia noite e que carregava seu celular novo no bolso. Três rapazes vieram e um deles tinha uma arma e levou o celular do jovem estúpido. É, Porto Alegre me mostrou o gostinho amargo de ser assaltado e ficar esperando 6 meses até pegar o celular de volta.
Porto Alegre. Simplesmente, Porto Alegre. Aprendi muito nessa metade de vida que passei aqui. Muitas vidas passaram pela minha. Muitas alegrias e tristezas pude compartilhar aqui. Na perda do meu irmão, esta cidade me foi amparo. Através de seus moradores, meus amigos, pude ter um grande apoio. Criei grandes amizades, sim, amizades que perdurarão por longos meses, anos quem sabe.
Dói-me dizer este "até logo", mas é preciso. Enquanto Porto Alegre me acolhia desta maneira já retratada, uma outra grande amiga me esperava.
Florianópolis. Cidade de vários encantos. Ponto turístico e onde muitos destes amigos gaúchos escolhem passar suas férias.
Florianópolis. Cidade das praias, das árvores, das montanhas. Lugar onde as matas superam as massas edificadas, onde o mar se faz visível de ponta a ponta.
Florianópolis. Ilha da velha figueira, que já serviu de inspiração para tantos poetas e tantas histórias. Terra dos manézinhos, dos R's puxados, do sotaque corrido, do Istepô. Este pedacinho de terra que contém belezas sem par.
Florianópolis. Minha querida Terra Natal. De onde vim, nasci e cresci. De onde deixei amizades que hoje hão de me receber de braços abertos, pois se mantiveram firmes e verdadeiras no passar dos anos. De onde parte de minha família veio e para onde volto.
Agradeço por tudo que Porto Alegre me proporcionou, desde no meu crescimento pessoal, até meu crescimento espiritual. Agradeço ao Colégio Marista São Pedro por ter me proporcionado conhecer professores que marcaram muito a minha vida e que levarei com um carinho fraternal por toda minha caminhada. Agradeço também pelos colegas que se mostraram amigos após o fim da caminhada escolar. Agradeço imensuravelmente à Paróquia São Pedro, lugar em que passei maioria dos meus sábados nos últimos cinco anos, onde aprendi que ser paróquia é ser muito mais do que um simples jovem do CLJ, mas ser alguém que está sempre disposto a ajudar no que for preciso. Mais que isso, ser paroquiano é se fazer presente e se alegrar ao ver pessoas que tu nem precisa saber o nome, mas que te tratam tão bem e dão um grande sorriso ao te ver. Agradeço aos párocos, Pe. Hugo e Pe. Luciano, por me mostrarem de jeitos diferentes o que é o serviço sacerdotal e o quão linda é a liturgia. Claro que eu agradeço também ao Monsenhor Tarcísio, um senhor que pôde me mostrar que a idade não é empecilho para sempre se estar com um sorriso no rosto e amar a Cristo. Além dos já padres, agradeço aos seminaristas que passaram pelo meu caminho e que se mantiveram junto a mim em diversos momentos, que viraram grande amigos com quem sempre poderei contar! (vocês sabem quem são!) Agradeço ao CLJ, onde aprendi que a liderança está muito acima de qualquer conhecimento, está no exemplo, na vivência e em como se trata seus iguais. Posso não ter sido o melhor líder, mas saio feliz sabendo que deixei algo de útil para o movimento e que cumpri a minha missão lá dentro. Agradeço ao MCJ, ONDA e Emaús, movimentos em que não participei, mas que seus membros se mostraram fortes e respeitosos, queridos e carinhosos, determinados e homens de fé. Agradeço à PUCRS por ter me mostrado muito mais do que eu esperava: amizades acima de um D. Pude ver nesse meu último semestre que eu realmente formei amizades lá. Achava que eram somente colegas, mas não. Pude ver o quão incríveis eles são e só posso dizer que eu realmente espero que eles tenham um incrível futuro profissional e que possamos, no futuro, trabalhar juntos em algum projeto, se os sonhos nos permitirem! Por último e com certeza não menos importantes, agradeço aos meus pais e minha família: se hoje posso ter forças para seguir o meu caminho, é pela educação e amor que vocês me deram! Não os deixo de amar por estar me separando de vocês, muito pelo contrário! Sei que esse amor só irá crescer e sei que os momentos que iremos ter juntos no futuro serão muito mais proveitosos. Torço muito pela felicidade de vocês e espero que possam cada vez mais estar unidos e felizes, que nas quedas possam ser fortes e que possam sempre contar comigo apesar da distância!
Enfim, se não ficou clara a postagem, digo agora: Floripa, me aguarde! No segundo semestre, I'm back! :)
terça-feira, 28 de abril de 2015
Tempos difíceis.
Bom, se posso falar algo nessa postagem para não ficar tão chata e sem sentido é que enquanto eu tentava escrever eu ouvia a música "Se for pra tudo dar errado" da banda Tópaz e reparei o quanto eu me encaixo com a primeira parte da música. Para quem não conhece, deixo aqui o link e o trecho que cito:
http://letras.mus.br/topaz/se-for-pra-tudo-dar-errado/
Eu nunca fui bom nisso
Não levo jeito pra dizer
Que vai dar tudo certo
E nenhum desastre vai acontecer
Pois é, eu tento ser o mais positivo que posso, mas muitas das vezes eu não consigo pensar assim. Eu realmente não consigo mentir para alguém quando eu sei que as chances de dar algo errado são maiores. Nesse quesito eu sou péssimo. A música continua e eu acho muito bonita a letra e, principalmente, o clipe dela. Tem um sentido enorme e é muito bonito. Posso não estar bem nas minhas ideias para falar algo decente nas minhas postagens, mas deixo essa música ali para que pelo menos algo de bom vocês possam tirar daqui.
Hasta,
Pedro.
domingo, 29 de março de 2015
A Igreja é velha, retrógrada. Só minha vó vai na missa. Será?
Como ia dizendo, estávamos em 6 nessa reunião e acordamos cedo após termos ido dormir tarde (dormi às 5h...). A minha Jornada começou ali, em reunião com pessoas importantes na minha vida, cada um com uma vivência de fé diferente da minha. Escolhemos a catequese Afetividade e Sexualidade dentre as 5 catequeses possíveis. 8:20 e já estávamos na paróquia para a catequese que começava às 9h. Aos poucos, foram chegando mais pessoas e se juntando a nós. Muita gente desconhecida, mas todos devidamente vestidos com camisetas das suas paróquias. Grande parte era de CLJ, mas ontem pude ver que a juventude de Porto Alegre não se resume à CLJ. Grupos como MEJ, Canaã, jovens vocacionados, entre outros, se fizeram presentes e mostraram que são tão fortes quanto.
Enfim, 9h estava previsto para começar a acolhida dos jovens. Deu a hora e olhei para trás e vi o nosso querido arcebispo Dom Jaime entrando na sala. Então, uma cena muito engraçada aconteceu: Dom Jaime tirou o solidéu de sua cabeça e colocou na cabeça de dois jovens que não tinham visto ele entrar ainda. A cara que os jovens faziam ao se virar e ver que era o nosso arcebispo fazendo isso foi algo incrível! E, claro, Dom Jaime esperava o jovem virar com um grande sorriso no rosto antes de cumprimentá-lo. Posso dizer que vi ele poucas vezes desde que assumiu o cargo, mas nesse dia cresceu mais o meu respeito e carinho por ele! Não pude evitar de imaginar: "Dom Jaime deve estar pensando: 'Viu, tu podes ser o próximo!' para cada jovem que colocava o solidéu".
Bom, a catequese ocorreu com diversos momentos de perguntas, música e tom de debate. Ouvir os padres Lucas Mendes e Ignácio (espero estar escrevendo certo) nos enaltecendo com suas palavras tanto em relação a posição da Igreja, quanto em relação aos seus depoimentos pessoais foi muito bom! Claro que as outras participantes também tiveram grande importância, mas fiquei fascinado ao ouvir um padre de 29 anos e um pouco mais de um ano de sacerdócio falar sobre o assunto. A juventude também está presente no clero!
Depois disso, mais de 200 jovens comeram no mesmo salão que ocorreu a catequese. Sem problemas, sem caras feias, sem empurra-empurra. Todos com muito respeito, se ajeitando em cadeiras e com os pratos no colo, comeram muito bem e se respeitaram. Ninguém precisou coordenar e chamar eles para que tudo desse certo. Simplesmente deu certo por todos estarem ali por um mesmo objetivo e por ter esse ideal maior que os une.
Até então, eu que não curto muito multidões, já estava me sentindo um pouco sufocado com tanta gente ali. Tirei uns minutos para ficar sozinho e descansar e depois fomos para o centro, onde 200 jovens não seriam nada mais nada menos que uma pequena parcela do que vinha pela frente. Chegamos na prefeitura e pudemos ver diversas faces conhecidas. Faltava uma hora, quase, para o início das atividades e, ainda assim, já tinha bastante gente ali. Entre cumprimentos e apresentações, os jovens começaram a cantar as músicas que já estão acostumados a cantar nos seus grupos. Um grande folclore se mostrou e todos se empolgaram. A multidão não me foi problema nessa tarde.
Às 15h, os organizadores foram para cima do caminhão de som e começaram as propostas. Tenho que dizer que eu sou uma pessoa muito tímida e não gosto de me mostrar muito em público, mas quando o Matheus Ayres começou a puxar as músicas, pedir que o pessoal levantasse os braços, puxar as dezenas, eu não tive a menor vontade de manter a timidez. Fiz tudo com o maior sorriso no rosto só pensando: "Cara, Cristo é demais!". Teve momentos, sim, que eu acabei ficando um pouco pra baixo com alguns pensamentos, mas que logo sumiam ao me perguntar: "Por que eu estou aqui mesmo?" e logo vir a resposta: "Ah, sim, é por Cristo! Não quero pensar no que me faz mal!".
Durante esse tempo entre a procissão e a missa, pudemos rezar algumas dezenas do terço, cantar músicas que inspiram o coração e, ainda, fazer um "Vem! Vem! Vem!" para as pessoas nos prédios e na rua. Ver tantos jovens em harmonia, tantos abraços puros, tanta manifestação de Deus nos jovens foi algo incrível, indescritível! Mais de mil jovens gritando a todos pulmões que aquela é a juventude do Papa, a juventude do Arcebispo, a juventude de Cristo! E não eram só jovens nesse meio, tinham padres, de cabelo branco até! gritando com toda a sua força de vontade que aquela era a juventude do Papa e NÃO se excluindo disso! Porque sim, os nossos padres, independente de idade, também são responsáveis por essa juventude linda que não tem medo de caminhar nas ruas do centro rezando e professando a sua fé!
Bom, entre uma dezena e outra, o que mais me chamou a atenção foi um fato que aconteceu: surgiu a proposta que se abraçasse os irmãos e se desejasse a paz de Cristo (falasse Shalom). Enquanto desejava pro pessoal da minha paróquia, vi um padre conhecido e após desejar para eles, fui falar com ele, dar um abraço e desejar a paz. Conversei um pouco com ele e apareceu um morador de rua para falar conosco. Sem preconceitos, ocorreu o seguinte diálogo:
"A paz de Cristo!" (começou ele)
"A paz de Cristo, meu amigo!" (apertando as mãos)
"Qual é teu nome?"
"Pedro, e o do senhor?"
"Antônio. Reza por mim, tá?"
Não lembro a minha resposta, mas disse que sim de algum jeito e depois ele seguiu o caminho dele. Ele estava mastigando enquanto falava comigo, com roupas bem degradadas e com uma sacola com as coisas que tinha. Mediante tanta juventude, ele poderia ter pedido tanta coisa. Podia ter pedido dinheiro, comida, bebida. Não, o que ele queria era que eu orasse por ele. Isso já bastava. Diante de tantos jovens, a pessoa que mais me deu o seu testemunho foi esse morador de rua e a sua humildade. O Antônio viu em mim e em outros jovens que abordou algo que o fez ter certa esperança e, mais que isso, nos passou esperança. Acredito que com a vida que ele possa ter tido, a vida que tem e entre tantas outras coisas, o que ele mais quis cuidar foi do espírito dele. A fome pode ser saciada por um tempo, assim como a sede. Mas a preocupação dele foi em alimentar o espírito. Com certeza ele alimentou o meu espírito.
A procissão terminou na praça da matriz e ficamos aguardando até o horário da missa. O entorno do monumento ficou pequeno para tantos jovens. Acabamos invadindo o espaço de pessoas que estavam por ali, mas não foi para jogar eles para fora de lá, mas, talvez, para chamar eles também para participarem disso. Começaram a testar o som enquanto o Dom Jaime falava no início da missa, mas tudo bem, estávamos em espaço público e houve conflite de horários. No resto da procissão, vi gente falando mal das Ave-Marias que rezávamos, jogando bafo de cigarro na cara de quem passava, enfim, desrespeitando o nosso momento. Mas, em nenhum momento, vi os jovens retrucando. Seguiram firme em seu ideal. Deram o seu testemunho! "Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de mim" (Mt 5, 11).
Então, teve a missa. A Catedral nunca ficou tão pequena para tanta gente. Consegui sentar só porque o pessoal da minha paróquia guardou um lugar para mim, mas logo após a benção inicial, Dom Jaime convidou os jovens a se sentarem nas escadas do altar e junto aos padres caso faltasse lugar para todos. Ali se configurou a juventude! Sem desrespeito algum, sentaram-se nas escadas e se fizeram parte importante desse povo de Deus que celebrava em comunhão! A missa em si foi ótima! Tenho que ser honesto e dizer que dei umas piscadas devido ao cansaço que estava, afinal, depois de 10 horas em atividades, sentar e ficar calmo por um período de tempo já era o suficiente para cair. Mesmo assim, consegui prestar atenção na homília de outro querido servo de Deus que eu não conhecia, mas que nutri um carinho especial nesse dia: Dom Leomar, nosso arcebispo auxiliar recém nomeado! Como sempre, foi incrível ver tantos padres em comunhão com o arcebispo e rezando ao mesmo tempo durante a consagração. Pra terminar, Dom Jaime ainda fez uma piada com a altura do pároco da Catedral e ouvimos tanto dele, quanto do padre Eduardo umas palavras de agradecimento à juventude, ao arcebispo, à arquidiocese.
Não satisfeitos, alguns jovens do CLJ SP ainda quiseram confraternizar mais e vir aqui em casa para uma janta rápida. Pudemos agradecer perante o alimento e pelo ótimo dia que todos tivemos, pela juventude ter se mostrado forte! Foi um dia cheio, mas não somente de compromissos, nem de falação, mas cheio de Deus e do Espírito Santo, cheio de Cristo em cada face que eu via, cheio de amor, harmonia e união! Então, se me perguntarem o que é a JAJ, só posso responder com uma coisa: é Deus mostrando o seu amor através da juventude!
Shalom!
quarta-feira, 18 de março de 2015
Now you're just somebody that I used to know.
Andei pensando nesses dias sobre o que escrever e, hoje, me surgiu um comentário que me fez pensar bastante nesse tema: amizades esquecidas. Estava vendo (pela primeira vez - e adorei) "A culpa é das estrelas" e o personagem masculino principal lembra muito um amigo meu de infância de Florianópolis que não falo mais e que acabou seguindo outro rumo de vida. Estava falando com uma amiga sobre isso e falando que por mais que o personagem me lembrasse do cara eu não conseguia odiar ele (o Gus). Sim, eu tenho essa tendência a descontar em personagens de filmes e afins se eles me lembram pessoas reais.
Enfim, com tudo isso, comecei a pensar mais e relembrar do passado. Começando por Floripa, tenho poucas memórias. Lembro, em especial, de quatro amigos. Um deles é o que lembra do Gus. Os outros foram amizades de diferentes contextos. Um foi aquele amigo que tu vive na casa dele e ele na tua. Lembro de quando fomos numa praça perto da casa dele depois de ter chovido e eu tive a brilhante ideia de descer do escorregador de cabeça para baixo e caí com tudo na poça de lama. Tive que pegar uma roupa emprestada dele até para poder voltar para casa. Há um tempo atrás, vi uma foto dele com o avô dele e até deixei uma mensagem dizendo que lembrava dos tempos de infância (que eu ia para a casa dele que por acaso era do avô dele). As outras duas amizades se configuraram em pouco tempo, começaram e terminaram no último ano que fiquei em Floripa. Um deles acabou indo para o lado das drogas e nunca mais falei com ele. O outro, sei que seguiu um bom rumo, mas ainda não mantive o contato pelo afastamento (8 anos, afinal). Ainda tenho minhas amizades de Floripa, mas esses eu mantenho contato mesmo e sempre nos vemos (por mais que sejam muito enrolados).
Em Porto Alegre, formei algumas amizades no colégio também, por mais que tenha demorado um bom tempo para isso acontecer. Mais rápido do que no colégio, fiz amizades no CLJ (e mais fortes). A questão disso tudo é as pessoas que foram se perdendo no meio do caminho. Pessoas que eu via todo dia na sala de aula e que hoje passam reto por mim na PUC, enquanto isso, encontro um cara que eu nem conversava direito na série que estudamos juntos e nos cumprimentamos de boa depois de nos encararmos e chegarmos a conclusão: "eu te conheço de algum lugar". A mudança de ambiente e convivência realmente muda as amizades. Posso dizer que sinto falta dos últimos meses de Terceirão quando eu estudava tipo 9 horas por dia com um grande amigo (mesmo cursinho e colégio) e que, sim, a nossa relação não continuou diária, mas cara, a amizade continua ótima como sempre. Mesma coisa do CLJ, pessoas que tu participa de retiros, fica uma amizade e não se leva adiante em muitos casos.
Além disso, tenho minhas amizades virtuais. Com o tempo de jogos online eu lembro de algumas figuras que passaram e ficaram por um tempo. Amigos do Lunia e do GC principalmente. Pessoas que tenho no meu facebook e volta e meia temos algum tipo de contato. Claro que não posso deixar de citar o Hec nessa, a melhor amizade que pude querer vinda de um jogo. Posso dizer que ele é o único amigo virtual que eu tenho esse contato quase diário.
Mas enfim, apesar de todas as idas e vindas, dos caminhos que cada um resolveu seguir, tenho que dizer que por mais que hoje em dia eu nem fale mais com muitos deles, eles foram importantes na minha vida. Cada um teve o seu papel na minha caminhada no momento certo. Não me arrependo de nenhuma das amizades, por mais que eu possa não falar mais com a pessoa há 8~9 anos. Não me arrependo do fim que elas tomaram também. Não mudaria nada no meu passado. Hoje, eu sei quem são as pessoas que eu tenho contato diário e quem eu me sinto mal se não conversar, porém, sei que em dois meses isso pode mudar. Podem surgir novas pessoas que vão se tornar tão importantes quanto, ou até pessoas que eu não falava mais e que o contato voltou. Sei que amizades se formam de inconstâncias que passamos na vida. O contato passa por mudanças, assim como a amizade. De qualquer jeito, o que importa são as pessoas que ficam, mesmo se falando uma vez por mês. Agradeço a todos aqueles que me deram e me dão o privilégio de ser chamado de amigo! :)
Um grande abraço para as novas amizades, para as antigas e para as esquecidas que se valeram de seu tempo!
Pedro Meyer. :)
segunda-feira, 16 de março de 2015
Descargo de consciência.
Eu sei que faz um tempo, quase um mês, que não posto aqui. Tenho motivos para isso: falta de inspiração. Tenho pensado muito nesse meio tempo e muita coisa tem acontecido. O que me falta é, por mais estranho que pareça, dor para escrever. Minha maior inspiração sai disso. Parece que alegria nem sempre é o melhor para sair um texto. É algo que eu tenho que aprender ainda, o foco da minha inspiração. Prometo tentar mais focar nas coisas boas, mas né... nunca se sabe.
Enfim, eu passei aqui mais para deixar esse recado e esse descargo de consciência. Eu sei que não tenho compromisso com ninguém nem nada, mas odeio deixar o blog sem movimentação. Assim que eu terminar essa postagem eu vou tentar escrever algo novamente (tentei antes dessa e não rolou). Se der certo, publico amanhã.
Enquanto isso, deixo o meu abraço aqui e o meu obrigado pela resposta positiva que a postagem do meu irmão teve!
Grande abraço,
Pedro Meyer.
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
Amor de irmão - uma vida como exemplo de cuidado e carinho.
Demorou cerca de uma semana, dez dias, até que pudéssemos dar um fim digno à notícia. Com amigos de Porto Alegre, de tempos antigos e atuais; e com familiares de Florianópolis (a qual incluo as "tias emprestadas", amigas de anos da mãe) fizemos o enterro. Numa vigília que demorou a começar, vimos a prova de amizade quando os amigos do meu irmão, mesmo tendo que trabalhar no outro dia, só saíram do cemitério depois de verem ele. O corpo chegou pelas 5h da madrugada.
Se me pedirem para falar quem esteve ou quem deixou de estar lá, eu não vou conseguir citar um nome que seja. Primeiro, porque eu sei que foi quem pôde e quem não podia, mas deu um jeito. Segundo, porque isso não é algo que se deva ser cobrado. Terceiro, porque não vem ao caso. O que eu posso dizer, sim, é que vi muitas pessoas por lá e que pude ver a grande importância dos 21 anos de vida dele (completaria 22 um mês depois).
Voltei para o colégio uma semana depois. O primeiro dia de aula, por acaso, foi o último dia de vida dele. Muito atenciosos, diversos professores e colegas vieram me dar apoio. A vida seguiu. CLJ voltou, continuei como monitor de pré.
Três anos se passaram, muita coisa aconteceu.
Os amigos dele se formaram na faculdade. Nos convidaram e nos emocionaram. Homenagearam ele e não deu para conter as lágrimas. Fomos prestigiar um futuro que não foi proporcionado a ele.
Meses depois, outra formatura chegou: a minha do terceiro ano do Ensino Médio. Não tão grande quanto de uma formatura de faculdade, mas serviu para se concretizar um dos sonhos do meu irmão: ver a família junto prestigiando um neto/sobrinho/filho/primo.
Vestibulares passaram e a decisão que tomamos juntos quanto ao meu futuro permaneceu. Comecei na arquitetura, mas não na mesma universidade que ele cursava Ciências atuariais. Entrei na universidade que talvez ele entrasse após a formatura, afinal, queria cursar engenharia civil, seguir seu verdadeiro sonho. Ele me ensinou, mesmo sem concretizar, o valor de um sonho.
Comecei a faculdade, comecei as mudanças na minha vida. Fui em festas e cheguei a beber um pouco do que ele tanto aproveitava. Não tive a presença dele para me "ensinar" a beber, mas nunca fiz questão de aprender. Talvez eu tenha sido meio infantil ao pedir para certas pessoas me explicarem sobre bebidas, mas eu era ingênuo ainda. Não adquiri o gosto dele para festejar e beber.
Em paralelo, ia ganhando mais atribuições no CLJ. Participei da coordenação por dois anos e aprendi muita coisa, tive que superar muita coisa e tive que aguentar muita coisa. Mas, acredito, ele não entenderia disso. Sua fé sempre foi muito misteriosa.
A faculdade seguiu seu rumo e chegou o fim do terceiro semestre. Rodei numa cadeira e não me senti nada mais nada menos do que um lixo. Tive vergonha de olhar para as pessoas até, por mais que me dissessem que era algo normal. Sabia do afinco dele pelo estudo, mesmo que tivesse sofrido o mesmo perto do final.
Atualmente, estou em busca de um estágio. Quinto semestre da faculdade. A experiência que ele tinha e a dedicação pelo trabalho que gerou tantos frutos bons poderiam, com certeza, me ser úteis hoje em dia.
Mas, afinal, por que conto um pouco da minha história junto com a dele nessas linhas? Bom, a resposta é bem simples: a história minha e dele sempre esteve muito ligada. Desde pequenos fomos muito ligados e o amor que sentíamos e sentimos um pelo outro não é algo que se pode medir e, principalmente, que pode ser apagado pela morte. No momento, eu sei que não posso amá-lo e demonstrar o amor pessoalmente, porém, a minha fé me diz que num futuro iremos celebrar juntos em plenitude. Ele me ensinou muito em vida e olha, podem ter se passado três anos, mas ele continua a me ensinar. A vida dele foi o maior testemunho que eu poderia querer para a minha vida. Ele não era perfeito, mas isso que fazia dele humano. Tampouco era santo, saberia citar diversas histórias de coisas ruins que eu sei, seja por ter ouvido, ou por ter presenciado. Mas o necessário ele me ensinou.
Hoje, não vivo em memória dele. Tampouco vivo querendo ser ele. Nem ele iria querer isso. Ele sempre me encorajou a ser autêntico e seguir os meus passos, a fazer o que fosse me fazer feliz e não o que os outros quisessem de mim. Hoje, eu vivo pra mim. Para crescer como pessoa, para ser um bom profissional, para ser eu mesmo. Sempre olhando para trás e lembrando do bom exemplo dele e dos bons 16 anos e 360 dias de vida ao lado dele, mas com um olho no futuro, pensando, sim, que a vida segue e o amor permanece. Se hoje tenho uma foto de nós dois quando crianças tanto na carteira quando na cômoda, é para nunca me esquecer que eu tenho alguém que me protegeu, que me protege e que sempre me protegerá. Esse mês, sonhei muito com ele e sabe o que foi mais divertido? Muitos dos sonhos não tinham sentido algum e nem passavam alguma mensagem, mas era só eu e ele brincando, jogando, ou fazendo algo que gostávamos.
Thu, eu te amo e isso nunca vai mudar! Enquanto eu não posso te ver descendo do beliche para me expulsar do computador, te vejo nos meus sonhos com uma grande alegria! Sei que já disse isso várias vezes nesses três anos, mas tenho que dizer de novo: Obrigado pela tua existência, meu querido irmão!
Um grande abraço do teu querido irmão caçula,
Pepê.