quarta-feira, 3 de junho de 2015

Adeus? Não, até logo!

Porto Alegre. Cidade grande que há 9 anos me recebeu sem mesmo querer. Entrei no São Pedro na sexta série do fundamental. Sozinho, sem muito o que fazer, ficava na minha e tentava um diálogo ou outro de vez em quando. Aprendi a arte da quietude. Me fechei. Tinha o meu irmão que estudava no terceiro ano, mas não podia deixar que ele ficasse de babá também.

Porto Alegre. Cidade fria que por anos me tornou frio. Enquanto estudante, poucos amigos tinha. Não conseguia confiar em ninguém o suficiente para me dizer amigo. Não curtia o sotaque, tampouco as gírias. Riam de mim por não entender o que eram Guampas (tão difícil explicar que eram chifres?).

Porto Alegre. Cidade densa que me ensinou que a vida não funciona só na rua de casa. Depois de anos vivendo somente na rua Santa Rita e na Álvaro Chaves, caminhando as três quadras para ir de casa pro colégio e do colégio para casa, descobri que existiam outros atrativos à mesma distância, bastando eu cruzar ruas diferentes.

Porto Alegre. Cidade brasileira e laica pelo seu Estado que me ensinou que eu não preciso ser ateu só porque meus colegas se dizem ser. Atravessando a avenida, pude perceber que havia muito mais na Paróquia São Pedro do que somente idosos.

Porto Alegre. Cidade marco do bairrismo gaúcho que nunca fui com a cara. Aprendi o valor do respeito perante as culturas e a sobreviver como estrangeiro. Como disse, não fui tão bem recebido quanto poderia ser no colégio. Vi de perto o que é uma disputa de um GreNal, ou de como pode começar uma guerra civil por conta de gostos diferentes: Azul ou vermelho, isso define vida ou morte.

Porto Alegre. Cidade de amores. Amor tão intenso a ponto de quererem se separar do resto do Brasil para ter-se somente a si mesmo. Ensinou-me diversos valores de cunho românticos, desde o valor de um beijo roubado, até o que não se deve fazer e botar a culpa no pobre do amor.

Porto Alegre. Cidade dos parques e da família. Onde o domingo à tarde, se não for no Beira-rio, é na Redenção, no Parcão, no Germânia ou sei lá quantos parques que se fazem presentes. Mas claro, nada disso sem a presença da família ou dos amigos. Ir sozinho pra Redenção só se for para caminhar ou para ser assaltado.

Porto Alegre. Cidade da insegurança e da ingenuidade. Era uma vez, um jovem estúpido que descia uma rua perto da meia noite e que carregava seu celular novo no bolso. Três rapazes vieram e um deles tinha uma arma e levou o celular do jovem estúpido. É, Porto Alegre me mostrou o gostinho amargo de ser assaltado e ficar esperando 6 meses até pegar o celular de volta.

Porto Alegre. Simplesmente, Porto Alegre. Aprendi muito nessa metade de vida que passei aqui. Muitas vidas passaram pela minha. Muitas alegrias e tristezas pude compartilhar aqui. Na perda do meu irmão, esta cidade me foi amparo. Através de seus moradores, meus amigos, pude ter um grande apoio. Criei grandes amizades, sim, amizades que perdurarão por longos meses, anos quem sabe.

Dói-me dizer este "até logo", mas é preciso. Enquanto Porto Alegre me acolhia desta maneira já retratada, uma outra grande amiga me esperava.

Florianópolis. Cidade de vários encantos. Ponto turístico e onde muitos destes amigos gaúchos escolhem passar suas férias.

Florianópolis. Cidade das praias, das árvores, das montanhas. Lugar onde as matas superam as massas edificadas, onde o mar se faz visível de ponta a ponta.

Florianópolis. Ilha da velha figueira, que já serviu de inspiração para tantos poetas e tantas histórias. Terra dos manézinhos, dos R's puxados, do sotaque corrido, do Istepô. Este pedacinho de terra que contém belezas sem par.

Florianópolis. Minha querida Terra Natal. De onde vim, nasci e cresci. De onde deixei amizades que hoje hão de me receber de braços abertos, pois se mantiveram firmes e verdadeiras no passar dos anos. De onde parte de minha família veio e para onde volto.

Agradeço por tudo que Porto Alegre me proporcionou, desde no meu crescimento pessoal, até meu crescimento espiritual. Agradeço ao Colégio Marista São Pedro por ter me proporcionado conhecer professores que marcaram muito a minha vida e que levarei com um carinho fraternal por toda minha caminhada. Agradeço também pelos colegas que se mostraram amigos após o fim da caminhada escolar. Agradeço imensuravelmente à Paróquia São Pedro, lugar em que passei maioria dos meus sábados nos últimos cinco anos, onde aprendi que ser paróquia é ser muito mais do que um simples jovem do CLJ, mas ser alguém que está sempre disposto a ajudar no que for preciso. Mais que isso, ser paroquiano é se fazer presente e se alegrar ao ver pessoas que tu nem precisa saber o nome, mas que te tratam tão bem e dão um grande sorriso ao te ver. Agradeço aos párocos, Pe. Hugo e Pe. Luciano, por me mostrarem de jeitos diferentes o que é o serviço sacerdotal e o quão linda é a liturgia. Claro que eu agradeço também ao Monsenhor Tarcísio, um senhor que pôde me mostrar que a idade não é empecilho para sempre se estar com um sorriso no rosto e amar a Cristo. Além dos já padres, agradeço aos seminaristas que passaram pelo meu caminho e que se mantiveram junto a mim em diversos momentos, que viraram grande amigos com quem sempre poderei contar! (vocês sabem quem são!) Agradeço ao CLJ, onde aprendi que a liderança está muito acima de qualquer conhecimento, está no exemplo, na vivência e em como se trata seus iguais. Posso não ter sido o melhor líder, mas saio feliz sabendo que deixei algo de útil para o movimento e que cumpri a minha missão lá dentro. Agradeço ao MCJ, ONDA e Emaús, movimentos em que não participei, mas que seus membros se mostraram fortes e respeitosos, queridos e carinhosos, determinados e homens de fé. Agradeço à PUCRS por ter me mostrado muito mais do que eu esperava: amizades acima de um D. Pude ver nesse meu último semestre que eu realmente formei amizades lá. Achava que eram somente colegas, mas não. Pude ver o quão incríveis eles são e só posso dizer que eu realmente espero que eles tenham um incrível futuro profissional e que possamos, no futuro, trabalhar juntos em algum projeto, se os sonhos nos permitirem! Por último e com certeza não menos importantes, agradeço aos meus pais e minha família: se hoje posso ter forças para seguir o meu caminho, é pela educação e amor que vocês me deram! Não os deixo de amar por estar me separando de vocês, muito pelo contrário! Sei que esse amor só irá crescer e sei que os momentos que iremos ter juntos no futuro serão muito mais proveitosos. Torço muito pela felicidade de vocês e espero que possam cada vez mais estar unidos e felizes, que nas quedas possam ser fortes e que possam sempre contar comigo apesar da distância!

Enfim, se não ficou clara a postagem, digo agora: Floripa, me aguarde! No segundo semestre, I'm back! :)