sábado, 7 de maio de 2016

O amor principal.

Normalmente, uso do meu blog para escrever sobre o amor no seu viés de casal. Hoje, vai ser diferente. Em comemoração ao dia das mães, venho escrever para uma pessoa muito especial, a minha avó! Não, brincando, só para deixar a dona Simone irritada mesmo. Venho escrever sobre a minha mãe! Afinal, se não fosse por ela, eu não seria capaz de pensar, agir e nem de amar. Fica meu pequeno texto aqui e um feliz dia das mães para todas as mulheres que são felizes por sustentar esse título!



O tempo passou, né mãe? O Thu e eu crescemos, adolescemos, adultecemos. Te passamos em altura há um bom tempo. Fomos nos tornando mais maduros aos poucos, num longo processo chamado vida. Vida esta que tu nos deu, depois de passar nove meses sendo tão bem cuidados (não tenho memórias, mas acredito que sim). Não sei quanto ao Thu, mas sei que desde pequeno eu já te dei trabalho né? Não bastava ter nascido ainda tinha que quase morrer por conta da carne de porco. Cheguei pra causar e tornar a tua vida uma eterna preocupação e um eterno carinho. Mais uma vez, falando de coisas que eu não lembro, quase morri outras vezes, seja fugindo ou puxando o fio do ferro de passar até ser salvo por um herói que não usava capa, pelo menos não naquele dia. Mesmo assim, sempre fui cuidado pouco a pouco, cagada por cagada. Fugindo ou não do berço, sempre havia aquela preocupação com o pequeno.

Enfim, passei a ter memória, mesmo que ela seja péssima. Nada disso mudou muito. Tá, os atentados a vida passaram a ser bem menos constantes, comecei a perceber que não seria legal não. Ainda assim, sei que problemas causei, causo, causarei. Claro que agora tu já deves estar ou perto de chorar ou lembrando daquela história que tu tanto amas do quanto eu era apegado a ti quando criança e que eu fiquei três dias sem me alimentar direito e com problema na garganta só porque tu estavas viajando para São Paulo. Pois é, os tempos mudaram, eu mudei, tu mudou. Aprendi, passo a passo, a tomar meu voo solo. Em quedas e empurrões, alcancei força o suficiente para voar por mim mesmo. E não, não vou citar a música do Zezé de Camargo e Luciano, "No dia em que eu saí de casa", por mais que se aplique um pouco a nós. Ou talvez muito. Ou completamente. Enfim!

Fui crescendo e nesses 21 anos de vida muita coisa aconteceu. Tivemos nossos momentos bons, ruins, de afastamento, de aprochego. Tive, sim, meus momentos de revolta por conta da mudança e não nego. Sei que fui um péssimo filho naquele momento, mas tu mesma sabes que hoje sou uma pessoa diferente e que nunca voltaria a ser daquele jeito, eu mesmo não me permitiria. Aos poucos, o CLJ foi nos ajudando a nos aproximar e acertar as coisas. Não que eu te odiasse antes como tu pensava, mas não tínhamos aquela facilidade de conversar. Fomos nos abrindo e nos reconhecendo.

Então, chegou um dos momentos que sempre torna esse dia mais difícil: a morte do Thu. Momento esse que sempre me faz lembrar da nossa conversa no ônibus de madrugada enquanto voltávamos de Floripa contra a tua vontade, visto que tu querias que eu faltasse os dois primeiros dias de aula para que a gente ficasse mais quatro dias em Florianópolis. Conversávamos de uma tristeza que seria um tanto quanto banal perto daquela que nos esperava. Bom, não foi fácil, nós sabemos. O Thu era uma parte muito importante da nossa família e faz muita falta, com certeza. Sei que posso falar em nome dele aqui porque mesmo a gente não se conversando muito, ele era meu irmão e eu conheço ele e sei do amor que ele tinha por ti. Mãe, nós sempre vamos cuidar de ti e estar perto de ti. Tanto eu, quanto ele, nunca iremos te deixar desamparada e sozinha. Não estamos presentes nesse momento, mas somos memórias agora. Memória viva e presente para sempre em teu coração. Quer ver?

Lembra daquele abraço que tu me deu quando eu estava entrando no carro para vir para Florianópolis? Abraço quente e triste, mas tão bom. Uma separação houve, mas nunca dois corações estiveram tão unidos quanto naquele momento.

Lembra de quando o Thu foi contigo para São Paulo e depois foi para os EUA? Com certeza foi um momento que muito alegrou ele. Eu lembro bem daquela cena de vocês dois indo para o embarque enquanto eu dava um abraço curto no Thu porque eu não queria chorar, não queria deixar ele com vergonha. Lembro do Eu te amo que eu não disse pra ele e de eu chorando no carro enquanto comia um McChicken. Mas tu nunca guardou o teu amor, sempre disse para ele que o amava, não tinha medo que nem eu tive. Para ti, demonstrar amor nunca foi vergonha.

Lembra de quando eu te chamava de docinho de coco porque mesmo eu não gostando de coco eu sabia que tu adorava ser chamada assim?

Lembra de quando o Thu recém tinha tirado a carteira e vocês não deixavam o coitado dirigir em paz? Algo que se repetiu um pouco comigo, mas que já foi menos do que com ele. O carinho de vocês se demonstrava através de nervosismo que depois se tornou confiança.

Lembra daquele dia que eu voltei do retiro do CLJ I e conversamos na minha cama? Momento de reconciliação e choro, momento de alegria, momento de voltar ao teu abraço.

Lembra quando o Thu chegou em casa sendo levado pelo Quaresma porque tinha bebido demais e tu ficou cuidando dele a noite toda? Eu lembro bem disso e lembro da cara que ele tava no almoço do outro dia.

Lembra dos almoços de final de semana? Nós quatro reunidos a mesa. Mesmo que maioria das vezes eu e o Thu estivéssemos com cara e voz de mortos, eram bons esses momentos.

Lembra de quando eu bati o nariz na árvore no dia do casamento do tio Marcelo e mesmo me dando uma bronca tu riu comigo de eu estar indo maquiado pro casamento?

Lembra das conversas e Cocas que tu compartilhou com o Thu? Disso eu nem preciso perguntar, sei que tu lembra e guarda com um imenso carinho no teu coração.

Lembra disso?


Sei que não é muito, mas é um pouco dele. É uma prova de um "Te amo" escrito por ele. Uma memória que o facebook nos permite ter.

É, mãe, somos e seremos memórias muito bem vividas e conservadas no teu coração. Coração gigante que guarda todos os problemas do mundo, mas que ainda assim possui muitas alegrias. Afinal, quer alegria maior do que ser minha mãe? Pô, eu ia adorar ter um filho como eu, olha que cara incrível! :)   (momento em que tu vais olhar pro pai e falar "é um abobado, né?")

Brincadeiras a parte, tu sabes do carinho, da admiração e do amor que eu tenho por ti. Tu sabes que o Thu também tinha isso, talvez maior ainda do que eu, e que não se acabou. Ele com certeza já está lá no Céu, esperando pelo dia em que vai te dar um abraço de "oi". Mas ei, sinto muito, mano, vais ter que esperar algumas décadas! Ainda preciso dela aqui por um bom tempo, ela só viveu meio século!

Mãe, sei que maioria dos filhos normais prefere escrever textos cheios dos maiores clichês que toda mãe é, mas tu sabes que eu não sou normal e que meu texto também não pode ser né? Só para tu não ficar triste, saiba que sim, tu és merecedora de todos os clichês, desde aqueles "feliz dia do 'leva um casaco, meu filho'", até o "mãe deveria ser imortal".

Sei que eu não estou presente agora e que esse vai ser o
primeiro dia das mães longe de ti que eu me lembre. Sei que texto algum pode tirar o vazio que a minha ausência faz. Sei que não guardamos nenhuma mágoa de brigas e espero que tu não guarde mágoa por este dia. Sei que sinto sim a tua falta e que tu é muito importante para mim, como tu sempre foi. Sei que não contive as lágrimas e passei os últimos 15 parágrafos chorando e querendo estar aí.

Feliz dia das mães, mãe! Obrigado pro existir e ser uma mãe maravilhosa! Teu abraço é um dos melhores que eu conheço e quero sempre contar com ele para me recepcionar em Porto Alegre, mesmo tu com uma voz de sono!

Ah! E antes que eu esqueça, tenho que te contar um segredinho: Já teve vezes que eu fiz o cartão de dia das mães e o Thu só assinou, viu? Acho que esse ano vai ser assim também, eu faço o texto e ele assina com os votos de felicidade que ele sempre desejou e sempre desejará para ti!

Mãe, fica bem aí, toma uns 20 litros de água para reidratar que eu acho que tu vais precisar!

Um grande beijo de filhos que te amam muito,
Pepê e Thu.