quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Cinco anos em uma carta de amor.

Cinco anos.

Para alguns, pode parecer pouco tempo. Para outros, muito.

Quer dizer, pro meu avô, cinco anos não mudaram muito. Hoje ele é um senhor de 83 anos, outrora 78. Quer dizer, agora ele já é bisavô, pela segunda vez! Mas continua sendo aquele mesmo bom velhinho, sabe? Aquele senhor que tu conhece a rotina e que vê que mantém o mesmo carinho e cuidado pelos netos e pela família.

Há Cinco anos, eu recém estava começando o terceirão e não fazia ideia do quanto esse ano mudaria a minha vida. Nem pensava em trabalhar, não fazia ideia do que era se esforçar para dar frutos. Eu mal sabia mexer no Facebook, não usava Whatsapp. Se era para conversar, mandava uma mensagem por SMS mesmo. Hoje, não trabalho sem mexer nos dois.

Cinco anos, muita coisa mudou.

Eu, há Cinco anos, queria tomar a decisão da minha vida inteira, em somente isso, Cinco anos. Mas, se for parar para pensar, eu nunca pensaria em estar morando de volta em Florianópolis, em Cinco anos.

Em cinco anos, uma criança deixa de ser uma pessoinha que é fofa dormindo, para ser uma criança falante que alegra o dia (ou não). Um adolescente, já vira um adulto formado. Tem faculdades que demoram Quatro ou Cinco anos para serem concluídas, e tem gente que termina nesse tempo.

Eu, aos cinco anos, já havia aprendido a caminhar, a falar, a dialogar. Pelo menos é o que eu acho, afinal, cinco anos, pruma criança, não é o suficiente para desenvolver uma memória super potente. Pelo menos meus pais me achavam fofo.

Mas sabe, só de pensar que já faz mais de Quinze anos que isso aconteceu, eu vejo que realmente, de Cinco em Cinco anos, a vida se faz e muita coisa muda.

De fato, muita coisa pode acontecer em Cinco anos. Em Cinco anos, meus pais namoraram, casaram e tiveram o primeiro filho. Na real, foi em bem menos do que Cinco anos, não levaram nem um ano para fazer os dois primeiros itens. E cara, depois do primeiro filho, demoraram aproximadamente Cinco anos para ter o segundo filho, esse que vos fala.

Mas, também, há Cinco anos, esses mesmos pais perderam o seu primeiro filho, o meu irmão Cinco anos mais velho.

Cinco anos, minha vida mudou. 

Em Cinco anos, eu reaprendi o que era dar meus primeiros passos sozinho, a não depender mais da mão do meu irmão para andar, a falar por mim mesmo, a viver por mim mesmo. Isso tudo, com dezessete anos de idade, e não com somente Cinco anos.

Em Cinco anos, eu senti saudades, eu senti vontade, eu senti o gosto agridoce do passado. 

Em Cinco anos, eu cresci por mim, eu vivi o futuro, eu cheguei a lugares que nunca imaginaria e cara, há Cinco anos, meu irmão fazia o mesmo. 

É engraçado pensar, o quanto eu admirava o meu irmão pela postura que ele tinha na família, pelo estágio que ele fazia e pela carga que ele aguentava. Mas sabe por que é engraçado pensar isso? Porque hoje, eu, que não era nada naquela época, me vejo ocupando as mesmas responsabilidades, talvez não com tanta maestria, mas sei que posso me sentir orgulhoso disso, pois ele foi um grande exemplo pra mim enquanto vivo e me guia muito depois de morto.

Em Cinco anos, eu aprendi a agradecer a Deus, por simplesmente, não ter me dado somente Cinco anos, mas Vinte e Um da pessoa mais maravilhosa que poderia ter passado na minha vida. E olha, em Cinco anos, ele me ensinou muito mais do que quando eu tinha Cinco, Dez ou Quinze anos. Uma vida como a dele, deixou uma marca tão grande em mim que eu sei, de certeza, que daqui Cinco anos, eu terei aprendido muito mais. E assim, vou vivendo.

Em Cinco anos, aprendi a escrever sem chorar, mas sorrir ao lembrar de ti.

Thu, obrigado pelos Cinco anos de carreira como anjo protetor, como ótimo professor que sempre foste e como saudade amorosa que és. E sabe, acho que agora, não vou mais escrever de ano em ano, mas de saudade em saudade, de momento em momento, ou, talvez, de Cinco em Cinco anos.

Um sorriso, um grande beijo e um abraço maior ainda, do seu irmãozinho de sempre,
Pepê.