domingo, 29 de março de 2015

A Igreja é velha, retrógrada. Só minha vó vai na missa. Será?

Se tu és jovem, já deves ter ouvido muito isso. Seja dos teus colegas pseudo-ateus, seja dos teus pais, seja do dizer do povo. Ontem, eu não vi isso não... Depois de ter tido uma reunião com os guris do CLJ na sexta de noite, se estendendo até a madrugada, acordamos todos às 7h para nos arrumarmos para ir aprender e ser testemunho de fé. Para quem não sabe, nesse sábado, dia 28/03, ocorreu a Jornada Arquidiocesana da Juventude (mais conhecida como JAJ). Não sei como explicar sucintamente o que é, mas vou tentar através desse texto.

Como ia dizendo, estávamos em 6 nessa reunião e acordamos cedo após termos ido dormir tarde (dormi às 5h...). A minha Jornada começou ali, em reunião com pessoas importantes na minha vida, cada um com uma vivência de fé diferente da minha. Escolhemos a catequese Afetividade e Sexualidade dentre as 5 catequeses possíveis. 8:20 e já estávamos na paróquia para a catequese que começava às 9h. Aos poucos, foram chegando mais pessoas e se juntando a nós. Muita gente desconhecida, mas todos devidamente vestidos com camisetas das suas paróquias. Grande parte era de CLJ, mas ontem pude ver que a juventude de Porto Alegre não se resume à CLJ. Grupos como MEJ, Canaã, jovens vocacionados, entre outros, se fizeram presentes e mostraram que são tão fortes quanto.

Enfim, 9h estava previsto para começar a acolhida dos jovens. Deu a hora e olhei para trás e vi o nosso querido arcebispo Dom Jaime entrando na sala. Então, uma cena muito engraçada aconteceu: Dom Jaime tirou o solidéu de sua cabeça e colocou na cabeça de dois jovens que não tinham visto ele entrar ainda. A cara que os jovens faziam ao se virar e ver que era o nosso arcebispo fazendo isso foi algo incrível! E, claro, Dom Jaime esperava o jovem virar com um grande sorriso no rosto antes de cumprimentá-lo. Posso dizer que vi ele poucas vezes desde que assumiu o cargo, mas nesse dia cresceu mais o meu respeito e carinho por ele! Não pude evitar de imaginar: "Dom Jaime deve estar pensando: 'Viu, tu podes ser o próximo!' para cada jovem que colocava o solidéu".

Bom, a catequese ocorreu com diversos momentos de perguntas, música e tom de debate. Ouvir os padres Lucas Mendes e Ignácio (espero estar escrevendo certo) nos enaltecendo com suas palavras tanto em relação a posição da Igreja, quanto em relação aos seus depoimentos pessoais foi muito bom! Claro que as outras participantes também tiveram grande importância, mas fiquei fascinado ao ouvir um padre de 29 anos e um pouco mais de um ano de sacerdócio falar sobre o assunto. A juventude também está presente no clero!

Depois disso, mais de 200 jovens comeram no mesmo salão que ocorreu a catequese. Sem problemas, sem caras feias, sem empurra-empurra. Todos com muito respeito, se ajeitando em cadeiras e com os pratos no colo, comeram muito bem e se respeitaram. Ninguém precisou coordenar e chamar eles para que tudo desse certo. Simplesmente deu certo por todos estarem ali por um mesmo objetivo e por ter esse ideal maior que os une.

Até então, eu que não curto muito multidões, já estava me sentindo um pouco sufocado com tanta gente ali. Tirei uns minutos para ficar sozinho e descansar e depois fomos para o centro, onde 200 jovens não seriam nada mais nada menos que uma pequena parcela do que vinha pela frente. Chegamos na prefeitura e pudemos ver diversas faces conhecidas. Faltava uma hora, quase, para o início das atividades e, ainda assim, já tinha bastante gente ali. Entre cumprimentos e apresentações, os jovens começaram a cantar as músicas que já estão acostumados a cantar nos seus grupos. Um grande folclore se mostrou e todos se empolgaram. A multidão não me foi problema nessa tarde.

Às 15h, os organizadores foram para cima do caminhão de som e começaram as propostas. Tenho que dizer que eu sou uma pessoa muito tímida e não gosto de me mostrar muito em público, mas quando o Matheus Ayres começou a puxar as músicas, pedir que o pessoal levantasse os braços, puxar as dezenas, eu não tive a menor vontade de manter a timidez. Fiz tudo com o maior sorriso no rosto só pensando: "Cara, Cristo é demais!". Teve momentos, sim, que eu acabei ficando um pouco pra baixo com alguns pensamentos, mas que logo sumiam ao me perguntar: "Por que eu estou aqui mesmo?" e logo vir a resposta: "Ah, sim, é por Cristo! Não quero pensar no que me faz mal!".

Durante esse tempo entre a procissão e a missa, pudemos rezar algumas dezenas do terço, cantar músicas que inspiram o coração e, ainda, fazer um "Vem! Vem! Vem!" para as pessoas nos prédios e na rua. Ver tantos jovens em harmonia, tantos abraços puros, tanta manifestação de Deus nos jovens foi algo incrível, indescritível! Mais de mil jovens gritando a todos pulmões que aquela é a juventude do Papa, a juventude do Arcebispo, a juventude de Cristo! E não eram só jovens nesse meio, tinham padres, de cabelo branco até! gritando com toda a sua força de vontade que aquela era a juventude do Papa e NÃO se excluindo disso! Porque sim, os nossos padres, independente de idade, também são responsáveis por essa juventude linda que não tem medo de caminhar nas ruas do centro rezando e professando a sua fé!

Bom, entre uma dezena e outra, o que mais me chamou a atenção foi um fato que aconteceu: surgiu a proposta que se abraçasse os irmãos e se desejasse a paz de Cristo (falasse Shalom). Enquanto desejava pro pessoal da minha paróquia, vi um padre conhecido e após desejar para eles, fui falar com ele, dar um abraço e desejar a paz. Conversei um pouco com ele e apareceu um morador de rua para falar conosco. Sem preconceitos, ocorreu o seguinte diálogo:

"A paz de Cristo!" (começou ele)
"A paz de Cristo, meu amigo!" (apertando as mãos)
"Qual é teu nome?"
"Pedro, e o do senhor?"
"Antônio. Reza por mim, tá?"

Não lembro a minha resposta, mas disse que sim de algum jeito e depois ele seguiu o caminho dele. Ele estava mastigando enquanto falava comigo, com roupas bem degradadas e com uma sacola com as coisas que tinha. Mediante tanta juventude, ele poderia ter pedido tanta coisa. Podia ter pedido dinheiro, comida, bebida. Não, o que ele queria era que eu orasse por ele. Isso já bastava. Diante de tantos jovens, a pessoa que mais me deu o seu testemunho foi esse morador de rua e a sua humildade. O Antônio viu em mim e em outros jovens que abordou algo que o fez ter certa esperança e, mais que isso, nos passou esperança. Acredito que com a vida que ele possa ter tido, a vida que tem e entre tantas outras coisas, o que ele mais quis cuidar foi do espírito dele. A fome pode ser saciada por um tempo, assim como a sede. Mas a preocupação dele foi em alimentar o espírito. Com certeza ele alimentou o meu espírito.

A procissão terminou na praça da matriz e ficamos aguardando até o horário da missa. O entorno do monumento ficou pequeno para tantos jovens. Acabamos invadindo o espaço de pessoas que estavam por ali, mas não foi para jogar eles para fora de lá, mas, talvez, para chamar eles também para participarem disso. Começaram a testar o som enquanto o Dom Jaime falava no início da missa, mas tudo bem, estávamos em espaço público e houve conflite de horários. No resto da procissão, vi gente falando mal das Ave-Marias que rezávamos, jogando bafo de cigarro na cara de quem passava, enfim, desrespeitando o nosso momento. Mas, em nenhum momento, vi os jovens retrucando. Seguiram firme em seu ideal. Deram o seu testemunho! "Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de mim" (Mt 5, 11).

Então, teve a missa. A Catedral nunca ficou tão pequena para tanta gente. Consegui sentar só porque o pessoal da minha paróquia guardou um lugar para mim, mas logo após a benção inicial, Dom Jaime convidou os jovens a se sentarem nas escadas do altar e junto aos padres caso faltasse lugar para todos. Ali se configurou a juventude! Sem desrespeito algum, sentaram-se nas escadas e se fizeram parte importante desse povo de Deus que celebrava em comunhão! A missa em si foi ótima! Tenho que ser honesto e dizer que dei umas piscadas devido ao cansaço que estava, afinal, depois de 10 horas em atividades, sentar e ficar calmo por um período de tempo já era o suficiente para cair. Mesmo assim, consegui prestar atenção na homília de outro querido servo de Deus que eu não conhecia, mas que nutri um carinho especial nesse dia: Dom Leomar, nosso arcebispo auxiliar recém nomeado! Como sempre, foi incrível ver tantos padres em comunhão com o arcebispo e rezando ao mesmo tempo durante a consagração. Pra terminar, Dom Jaime ainda fez uma piada com a altura do pároco da Catedral e ouvimos tanto dele, quanto do padre Eduardo umas palavras de agradecimento à juventude, ao arcebispo, à arquidiocese.

Não satisfeitos, alguns jovens do CLJ SP ainda quiseram confraternizar mais e vir aqui em casa para uma janta rápida. Pudemos agradecer perante o alimento e pelo ótimo dia que todos tivemos, pela juventude ter se mostrado forte! Foi um dia cheio, mas não somente de compromissos, nem de falação, mas cheio de Deus e do Espírito Santo, cheio de Cristo em cada face que eu via, cheio de amor, harmonia e união! Então, se me perguntarem o que é a JAJ, só posso responder com uma coisa: é Deus mostrando o seu amor através da juventude!

Shalom!

quarta-feira, 18 de março de 2015

Now you're just somebody that I used to know.

Andei pensando nesses dias sobre o que escrever e, hoje, me surgiu um comentário que me fez pensar bastante nesse tema: amizades esquecidas. Estava vendo (pela primeira vez - e adorei) "A culpa é das estrelas" e o personagem masculino principal lembra muito um amigo meu de infância de Florianópolis que não falo mais e que acabou seguindo outro rumo de vida. Estava falando com uma amiga sobre isso e falando que por mais que o personagem me lembrasse do cara eu não conseguia odiar ele (o Gus). Sim, eu tenho essa tendência a descontar em personagens de filmes e afins se eles me lembram pessoas reais.

Enfim, com tudo isso, comecei a pensar mais e relembrar do passado. Começando por Floripa, tenho poucas memórias. Lembro, em especial, de quatro amigos. Um deles é o que lembra do Gus. Os outros foram amizades de diferentes contextos. Um foi aquele amigo que tu vive na casa dele e ele na tua. Lembro de quando fomos numa praça perto da casa dele depois de ter chovido e eu tive a brilhante ideia de descer do escorregador de cabeça para baixo e caí com tudo na poça de lama. Tive que pegar uma roupa emprestada dele até para poder voltar para casa. Há um tempo atrás, vi uma foto dele com o avô dele e até deixei uma mensagem dizendo que lembrava dos tempos de infância (que eu ia para a casa dele que por acaso era do avô dele). As outras duas amizades se configuraram em pouco tempo, começaram e terminaram no último ano que fiquei em Floripa. Um deles acabou indo para o lado das drogas e nunca mais falei com ele. O outro, sei que seguiu um bom rumo, mas ainda não mantive o contato pelo afastamento (8 anos, afinal). Ainda tenho minhas amizades de Floripa, mas esses eu mantenho contato mesmo e sempre nos vemos (por mais que sejam muito enrolados).

Em Porto Alegre, formei algumas amizades no colégio também, por mais que tenha demorado um bom tempo para isso acontecer. Mais rápido do que no colégio, fiz amizades no CLJ (e mais fortes). A questão disso tudo é as pessoas que foram se perdendo no meio do caminho. Pessoas que eu via todo dia na sala de aula e que hoje passam reto por mim na PUC, enquanto isso, encontro um cara que eu nem conversava direito na série que estudamos juntos e nos cumprimentamos de boa depois de nos encararmos e chegarmos a conclusão: "eu te conheço de algum lugar". A mudança de ambiente e convivência realmente muda as amizades. Posso dizer que sinto falta dos últimos meses de Terceirão quando eu estudava tipo 9 horas por dia com um grande amigo (mesmo cursinho e colégio) e que, sim, a nossa relação não continuou diária, mas cara, a amizade continua ótima como sempre. Mesma coisa do CLJ, pessoas que tu participa de retiros, fica uma amizade e não se leva adiante em muitos casos.

Além disso, tenho minhas amizades virtuais. Com o tempo de jogos online eu lembro de algumas figuras que passaram e ficaram por um tempo. Amigos do Lunia e do GC principalmente. Pessoas que tenho no meu facebook e volta e meia temos algum tipo de contato. Claro que não posso deixar de citar o Hec nessa, a melhor amizade que pude querer vinda de um jogo. Posso dizer que ele é o único amigo virtual que eu tenho esse contato quase diário.

Mas enfim, apesar de todas as idas e vindas, dos caminhos que cada um resolveu seguir, tenho que dizer que por mais que hoje em dia eu nem fale mais com muitos deles, eles foram importantes na minha vida. Cada um teve o seu papel na minha caminhada no momento certo. Não me arrependo de nenhuma das amizades, por mais que eu possa não falar mais com a pessoa há 8~9 anos. Não me arrependo do fim que elas tomaram também. Não mudaria nada no meu passado. Hoje, eu sei quem são as pessoas que eu tenho contato diário e quem eu me sinto mal se não conversar, porém, sei que em dois meses isso pode mudar. Podem surgir novas pessoas que vão se tornar tão importantes quanto, ou até pessoas que eu não falava mais e que o contato voltou. Sei que amizades se formam de inconstâncias que passamos na vida. O contato passa por mudanças, assim como a amizade. De qualquer jeito, o que importa são as pessoas que ficam, mesmo se falando uma vez por mês. Agradeço a todos aqueles que me deram e me dão o privilégio de ser chamado de amigo! :)

Um grande abraço para as novas amizades, para as antigas e para as esquecidas que se valeram de seu tempo!
Pedro Meyer. :)

segunda-feira, 16 de março de 2015

Descargo de consciência.

Então, galerinha, tudo na paz?

Eu sei que faz um tempo, quase um mês, que não posto aqui. Tenho motivos para isso: falta de inspiração. Tenho pensado muito nesse meio tempo e muita coisa tem acontecido. O que me falta é, por mais estranho que pareça, dor para escrever. Minha maior inspiração sai disso. Parece que alegria nem sempre é o melhor para sair um texto. É algo que eu tenho que aprender ainda, o foco da minha inspiração. Prometo tentar mais focar nas coisas boas, mas né... nunca se sabe.

Enfim, eu passei aqui mais para deixar esse recado e esse descargo de consciência. Eu sei que não tenho compromisso com ninguém nem nada, mas odeio deixar o blog sem movimentação. Assim que eu terminar essa postagem eu vou tentar escrever algo novamente (tentei antes dessa e não rolou). Se der certo, publico amanhã.

Enquanto isso, deixo o meu abraço aqui e o meu obrigado pela resposta positiva que a postagem do meu irmão teve!

Grande abraço,
Pedro Meyer.