sábado, 20 de dezembro de 2014

Hey brother, there's an endless road to rediscover.

Olá!

Estava vendo um episódio do anime Sword Art Online II agora e me deu vontade de escrever. O último episódio dessa temporada foi um dos episódios mais intensos e emotivos que eu já vi na vida. É incrível como os roteiristas e desenhistas conseguiram passar a emoção em cada passo da história.

Em resumo e com spoilers: a história da personagem principal Asuna se liga a de uma jovem, Yuuki, que precisa fazer algo incrível até a primavera. Nesse caso, elas se conhecem dentro de um jogo de imersão virtual (a pessoa dentro do jogo mesmo de corpo e alma). Então, eles querem fazer algo para serem marcados nesse jogo e a Asuna tem que ajudar a Yuuki e seu grupo (guilda Sleeping Knights) nisso. Após eles conseguirem, Asuna tenta entrar na guilda e todos falam que não seria uma boa e que a guilda logo acabará. Somente depois que ela descobre que esse guilda é formada por pacientes em estágio terminal. Nesse episódio em questão, tem a última cena da Yuuki, uma garota de quinze anos que sobrevive por conta de máquinas e que se vê num estágio final mesmo. Ela morre dentro do jogo, nos braços da Asuna e rodeada por milhares de jogadores.

Moral da história: Não consigo resumir aqui os sentimentos passados nesse anime, mas a Yuuki tem muito a ensinar. Ela sempre se viu rodeada de perguntas como: "Por que eu nasci? Só pra causar prejuízos para a minha família e morrer?" (ela foi diagnosticada quando criança ainda). Ela acha uma resposta nos braços da Asuna e vê que conseguiu fazer a vida valer a pena.

Sabe, é muito interessante o quanto um desenho animado pode me fazer refletir. Ver a Yuuki "morrer" e chamando a Asuna de irmã (mesmo não sendo) me lembrou o meu irmão. Sim, quase toda história de morte que eu leio/vejo me lembra dele. Faltam dois dias para completar 2 anos e 10 meses, quase 3 anos. Assim como a Yuuki ensinou muito para a Asuna, também o meu irmão o fez. Faz tempo que eu não paro para escrever sobre a morte em si, acho que só no outro blog que eu escrevi sobre.

Bom, a diferença do anime para a vida real é que aqui não existe esse de jogo de imersão virtual (uma pena, devo dizer) e que a morte do meu irmão não foi tão premeditada quanto a da Yuuki. Para os que não sabem, meu irmão morreu num acidente de carro nas estradas de Dakota do Norte (EUA). Mais detalhes se fazem desnecessários, ele morreu na hora, nem chegou a ser levado para hospital algum. Foi bem do nada mesmo. Numa noite, estávamos falando no facebook que tatuíra era um bicho incrível e rindo disso; noutra, estava a minha família de Floripa em Porto Alegre, quebrando toda a rixa que existia antes em prol da união familiar num momento difícil.

Esse foi o primeiro ensinamento que ele me deixou: por maior que possa ser o "ódio" dentro da família, eles sempre estarão lá nos momentos mais difíceis. Até hoje me emociona ao lembrar do abraço que meu avô deu no meu pai na madrugada do dia 24 de Fevereiro de 2012, horas após a notícia do acidente. Sim, meu avô e mais vários outros parentes pegaram um avião na hora mais próxima que tinha e vieram a Porto Alegre independente de ser uma quinta-feira.

Depois, ele me deixou ensinamentos que tiveram que ser entendidos no dia a dia. Sempre fui uma pessoa muito fechada e pouco aberta à vida. Mas... ele me mostrou que isso não valia a pena na realidade que eu estava vivendo. Afinal, já vi muitas vezes e em diversas referências diferentes que nunca sabemos quando será o nosso último dia aqui. Ele com certeza não sabia... Então, de que vale passar um dia inteiro de mal humor e sem fazer nada de útil? Todo dia tem que ser vivido em sua plenitude. Sei que não faço isso, sou muito influenciável pelos meus sentimentos e eles podem me detonar, mas eu tento...

Hoje, o que resta? Tristeza? Saudades? Vontade de voltar no tempo? Talvez. Bom, tenho que dizer que pela minha "habilidade" de desapegar relativamente rápido de pessoas e do sentimento de saudades, eu quase não penso no assunto. Afinal, de que valeria eu viver a vida chorando? Não, isso não é vida para mim. Mas enfim, o que me resta hoje é a alegria. É lembrar do sorriso dele, da voz que ele fazia quando chamava a Mel, das imitações que ele fazia do pato Donald, da primeira vez que andei sozinho a cavalo e que ele estava ao meu lado. Muitas boas memórias que eu poderia citar aqui. Muitas boas memorias que eu poderia preferir esquecer e falar: "Não, o que resta é tristeza mesmo". Saudades é um sentimento que existe, sim, mas que não se faz constante. Se fosse constante, eu não faria jus a vida que ele quis ter e que não foi possível. Sim, tenho a lembrança também de eu sentado no chão ao lado da capela chorando pouco antes do corpo dele chegar em Porto Alegre, mas também tenho a lembrança dele me cuidando quando recém chegamos a Porto Alegre.

Bom, se posso escrever algo para terminar isso é: Não deixem para viver amanhã.

Thu, me dói escrever teu apelido aqui, mas não tem outro jeito que valha a pena escrever se não da forma mais carinhosa que eu te chamava. Obrigado por tudo. Obrigado por estar fazendo essas lágrimas de agora existirem, pois mostra o quão marcante tu foi nesses meus 16 anos e 360 dias de vida podendo ter o prazer de te chamar de irmão. Obrigado por ter me ensinado a ser esse guri que sou. Não tive tempo de aprender a ser um homem mesmo ao teu lado, pois estava no Ensino Médio quando tu partiu, mas hoje tenho essa chance de aprender por mim mesmo, de usar todo o exemplo que tu foi para mim e ser independente. A minha caminhada não acabou, mas eu sei que não caminho ela sozinho. Sim, Thu, ainda há um estrada sem fim para redescobrirmos. Sei que não com a tua presença física, mas te levarei sempre comigo nos pensamentos e orações. Sei que eu disse isso pouco, assim como tu também não era de dizer muito: Thu, eu te amo! Levo comigo ainda aquele abraço de quando foste para a tua sonhada viagem. Lembro do quão idiota eu fui de segurar o choro no momento para não te ver triste e, depois de ir pro carro, ficar chorando sozinho enquanto o pai ia no supermercado. Não vale a pena segurar as emoções quando a pessoa realmente vale a pena. Eu podia ter te dito que te amava na hora também, mas o abraço já disse tudo. E não sabes o quanto eu queria ter aquele abraço de novo...

Enfim, desculpa, leitor, se te fiz ler até aqui. Precisava botar para fora um pouco dos meus pensamentos e acabei me prolongando no texto e nas lágrimas. Esse ainda não é meu retorno definitivo aqui, devo postar algo no Natal e depois só em 2015.

Um grande abraço,
Pepê.

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